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Chá Dançante

Donato e seu conjunto

Chá Dançante

Ano: 1956
Selo: Odeon

FAIXAS

1. Comigo é assim (Luiz Bittencourt e José Menezes) - choro
2. No Rancho Fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo) - samba
3. Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) - samba
4. Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) - choro
5. Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - baião
6. Peguei um Ita no Norte (Dorival Caymmi) – toada baião
7. Farinhada (Zé Dantas) - baião
8. Baião da garoa (Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil) - baião

FICHA TÉCNICA

Tom Jobim: produção e piano
João Donato: piano e acordeon
Paulo Moura: saxofone
Altamiro Carrilho: flauta
Jorge Marinho: contrabaixo
Juquinha Stockler: bateria

Remasterizado e editado a partir das fitas originais por Luigi Hoffer na Digital Master Solution, Rio de Janeiro, julho/agosto de 2002. Supervisionado por Charles Gavin.

O que foi escrito sobre: Chá Dançante - Donato e seu Conjunto

História do disco por Fagner Morais em setembro 2021
João Donato é um dos músicos mais importantes da história do Brasil. Ao longo de mais de 70 anos de carreira, fez inúmeras parcerias, gravou vários álbuns — solo ou acompanhado — e conseguiu fazer muito sucesso no Brasil e no exterior, sendo, praticamente, uma espécie de embaixador brasileiro quando o assunto é música. Mas tudo tem um começo, certo?

João Donato de Oliveira Neto nasceu em Rio Branco, no Acre, em 17 de agosto de 1934. Filho de uma dona de casa e de um pai aviador, ele conviveu com a música desde muito cedo. A mãe cantava, a irmã estudava piano e o pai, nas horas vagas, tocava bandolim. Com toda essa influência, era fácil saber qual seria o futuro do pequeno João, certo?. Não para ele, que desejava ser piloto de avião. A música era apenas um hobby.

Aos oito anos, já tocava bem acordeão e foi nessa época que escreveu a primeira música, chamada "Nini", para uma menina de sete anos. Em 1945, o pai acabou sendo transferido para o Rio de Janeiro a trabalho e levou a família com mala e cuia para uma vida melhor na então Capital Federal do Brasil. Com um emprego e um salário melhores, ele acabou comprando para o filho dois acordeons: um de 24 baixos e outro de 120, bons para animar festas e bailes dos colégios da Tijuca e vizinhança. Mas o pequeno João seguia tocando o instrumento e alimentando o sonho de ser piloto, interrompido quando não passou no exame de vista por ser daltônico.

Acabou seguindo carreira na música e, aos 15 anos, já era um frequentador assíduo das jams realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra-Farney Fã Club que contavam com as ilustres presenças de Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e do então também jovem Jô Soares. Foi lá que a influência do jazz feito nos Estados Unidos entrou na vida dele, principalmente os LPs do trompetista Chet Baker. E também foi lá que se apaixonou pelo piano, instrumento oficial da carreira a partir de 1953 e, desde então, parte fundamental nas composições.

Foi nessa época que passou a liderar bandas, como o Donato e seu Conjunto, Donato Trio, e o grupo Os Namorados, e a dirigir noites musicais no Hotel Plaza, no Rio de Janeiro, com Roberto Carlos — sim, aquele — ainda começando a carreira de crooner nas noites cariocas. Foi nessa época que começou a gestação do que seria a bossa nova. Praticamente todos os músicos conhecidos do gênero estavam tocando, cantando, compondo e/ou conversando sobre os rumos da música brasileira. Era muita gente boa. E resultou em um momento histórico.
"Era uma turma boa. A gente andava junto diariamente. Ficava cada um mostrando a música uns pros outros. O Tom Jobim cantando todo mundo, como sempre. O João Gilberto também, o Johnny Alf. E a gente criava aquela amizade, aquela cumplicidade, e aquele estilo acabou virando a bossa nova, né? Foi um belo momento da música do Brasil e chegou nesse estágio em que ela é admirada no mundo inteiro", disse ele, em entrevista para TV Brasil, em 2019.

Também foi em 1953 que gravou um disco de standards da música brasileira e americana com o grupo Os Namorados. O LP fez sucesso, mas ainda levaria mais três anos para um convite oficial de uma gravadora, a Odeon, para João Donato gravar o primeiro álbum de estúdio da carreira. O diretor artístico do projeto era Tom Jobim, recém-saído da gravadora Continental e com pouco tempo de Odeon. Conhecendo o estilo e sendo amigo de Donato desde os tempos em que enxergava potencial nele quando tocava acordeão, Jobim escolheu canções dançantes, prontas para animar qualquer defunto. De Ary Barroso a Luiz Gonzaga, tinha para todos os gostos. E só mesmo Donato para unir esses artistas em um disco só.

"Chá Dançante" é o primeiro trabalho solo oficial de uma carreira com 34 trabalhos de estúdio e incontáveis participações em outros discos. Foi o início de uma longa e brilhante carreira que, nos anos 1960, o levou a ser cultuado pelos músicos de uma nova geração e a passar mais de uma década nos Estados Unidos, entre idas e vindas, fundamental para popularização da música brasileira no país.

Instituto João Donato
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