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Bud Shank, Donato e Rosinha de Valença

ft. Bud Shank e Rosinha de Valença

Bud Shank, Donato e Rosinha de Valença

Ano: 1963
Selo: Elenco

FAIXAS

Lado A
1. Sausalito (João Donato)
2. Minha saudade (João Donato e João Gilberto)
3. Samba do avião (Antônio Carlos Jobim)
4. Silk Stop (João Donato)

Lado B
5. Foi a Noite (Antônio Carlos Jobim e Mendonça)
6. Caminho de casa (João Donato)
7. Um Abraço no Bonfá (João Gilberto)
8. O Amor em Paz (Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes)
9. Sambou... Sambou (João Donato e João Mello)
10. Tristeza Em Mim (Tavares Guimarães)

FICHA TÉCNICA

Piano: João Donato
Violão: Rosinha de Valença
Saxofone alto: Bud Shank
Baixo: Tião Neto
Bateria: Chico Batera

Produtor: Richard Bock
Supervisor da edição nacional: Aloysio de Oliveira
Original: Pacific Records
Gravado em: Hollywood, Califórnia, março de 1965
Capa: Eddye Moyna

O que foi escrito sobre: Bud Shank, Donato e Rosinha de Valença.

Texto da contracapa

“O pai da criança é o Donato. Eu transferi o problema para ele e a única coisa que faço neste disco é tocar”. O autor desta frase é o saxofonista-alto e flautista Clifford “Bud” Shank ,que novamente em companhia de um compositor-instrumentista revelação da temporada JOÃO DONATO - criou um dos mais expressivos documentos da história da Bossa Nova. Na verdade, “Bud Shank Donato Rosinha de Valença” constitui um esforço verdadeiramente definitivo no que se refere à associação do jazz com a moderna música instrumental brasileira. Grande parte dos resultados obtidos - é ainda Bud Shank que assinala - deve-se inegavelmente ao COMPOSITOR Donato. “Quem compôs este tema? perguntou um músico ao entrar casualmente no estúdio, na hora em que o disco estava sendo gravado. “A réplica brasileira de Cole Porter” - respondeu Richard Bock, com aquele seu sorriso de que não está brincando. Ele se referia, naturalmente, a Donato, que compõe nada menos que seis dos dez temas deste LP. Aliás, gostaríamos de acrescentar que ele é também a réplica brasileira do pianista Tommy Flanagan.

Além da preciosa contribuição de Donato, poderá ser anotado também o seguinte:

Bud Shank toca em todo o disco com graça, “chaleur” e a desconcertante simplicidade que o tornaram o grande precursor da Bossa Nova nos Estados Unidos, quando gravou em 1953 em companhia de Laurindo de Almeida, o histórico álbum “Brasilience”.

Por sua vez, a frágil Rosinha de Valença senta-se no seu banquinho, inclinando-se amorosamente sobre o seu violão e estimula os solistas com uma das mais insinuantes sustentações rítmicas que já se executou em toda história da música brasileira moderna. Rosinha - que se chama na verdade Rosa Canelas e nasceu na cidade de Marquês de Valença - é hoje aclamada como a maior violonista da bossa nova. Alguns guitarristas californianos vão mais longe e a consideram uma das cinco maiores executantes do violão não-simplificado em todo o mundo. Embora neste LP seu trabalho seja mais de sustentação rítmica, ela é capaz de executar extraordinários solos improvisos - como podem atestar vários outros de seus discos.

E finalmente os dois responsáveis pela “cozinha” rítmica: Chico Batera e o baixista Tião Neto. O trabalho dos dois neste LP ilustra da maneira mais significativa que os aspectos rítmicos de um gênero essencialmente nativo são quase que propriedade exclusiva dos músicos nativos. Assim como o ritmo do jazz é até hoje melhor manipulado pelos norte-americanos, só quem bate com a devida desenvoltura e autenticidade a Bossa Nova são os ritmistas brasileiros - ou mais especificamente, os cariocas. Chico é um jovem executante que vem se firmando como um dos melhores bateristas da nova geração e tião, por seu turno, um verdadeiro pioneiro do gênero, uma vez que atuou com João Gilberto por longo tempo, tocou no conjunto Bossa Três que exibiu-se no “Ed Sullivan Show”, na primavera de 1963, e integra atualmente a troupe “Brazil 65”, de Sérgio Mendes.

Não é difícil na verdade traçar o mapa da mina depois de falar um pouquinho destes magníficos executantes. O que está gravado neste disco é sem dúvida Bossa Nova modelo 1965 no que o gênero possui de mais vital e representativo. Ouçam-no!
John William Hardy

Instituto João Donato
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